Situada na margem direita do Douro, já perto da foz, a cidade do Porto disputa com Lisboa a capacidade econômica do país e, também, a honra de ser considerada a mais bonita de Portugal, tendo sido o seu núcleo histórico reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial, em 1997. O que não oferece discussão é o protagonismo estelar que teve esta povoação durante o processo de criação da nação lusa. Neste sentido, não se pode esquecer que o Porto foi o principal centro administrativo do condado de Portucale, um território que se estendia entre os rios Minho e o Douro, e que acabou por dar o nome e entidade ao que hoje é Portugal.
O nome Porto deriva de Portucale, denominação formada a partir de suas antigas povoações de ambas as margens do Douro: Portus e Cale. O condado de Portucale, que durante séculos pertenceu à monarquia leonesa, passou a ser independente depois do casamento de D. Teresa, filha de Afonso VI de Leão, com D. Enrique de Borgonha. Desta união nasceu D. Afonso Henriques, quem, no ano de 1143, se proclamou primeiro rei de Portugal. Depois da expulsão definitiva dos Árabes, o centro de gravidade política passou para Lisboa e outras cidades, sendo a cidade do Porto reduzida a um segundo plano.
Foi preciso esperar até o século XV para ver, de novo, o Porto ocupar um papel relevante na história do país. Muitos dos barcos que protagonizaram as navegações marítimas portuguesas foram construídos nos estaleiros do Porto.
Quando D. Enrique o Navegador quis começar a conquista do Ceuta, as autoridades requisitaram o gado todo da região deixando aos donos unicamente as tripas. As conhecidas " tripas à moda do Porto ", um dos pratos típicos da cidade, têm a sua origem nesta época, assim como o apelido de " tripeiros" com que são designados, sempre, os habitantes do Porto.
Durante a primeira metade do século XVIII, muitos ingleses, comerciantes de vinhos, se instalaram no Porto. O Tratado de Methwen, assinado no ano de 1703, lhes outorgava o controle quase que absoluto sobre os vinhos que se produziam nesta parte da ribeira do Douro. Anos atrás, concretamente em 1678, o vinho fino do Porto tinha sido exportado pela primeira vez a um país estrangeiro, nesse caso a Grã Bretanha. Famosa, pois, pelos vinhos, mas, também, pelas indústrias, pelo seu patrimônio cultural e pelo apego às tradições, o Porto é uma cidade em constante desenvolvimento e um dos motores econômicos mais importantes do país.
Os bairros mais pitorescos e antigos da capital do Norte português estendem-se á volta da Sé e da margem do rio. A Catedral ou Sé do Porto é um edifício singular, com aspecto de fortaleza, que se remota à época do românico, se bem, posteriormente, experimentou diversas reformas, sobretudo, nos séculos XVII e XVIII, que lhe conferiram a forma atual. Assim, a planta e o rosácea da entrada são de fins do século XII, enquanto que o claustro, com magníficos azulejos, é de estilo gótico, e o pórtico, as capelas que rodeiam as três naves e o altar mor pertencem ao estilo barroco. A formar conjunto com a Sé, o Palácio Episcopal e a Igreja dos Grilos são dois bons exemplos do abundante barroco que se encontra pela cidade.
Detrás da Sé, advinha-se a fachada manuelina da Igreja de Santa Clara, templo construído durante os séculos XV e XVI e reformado anos depois. é de salientar o artesão mudéjar que cobre as cadeiras do coro.
A competir em beleza com a anterior, a Igreja de São Francisco surpreende pela riqueza do revestimento interior. da mesma maneira que na igreja de Santa Clara, numerosas talhas de madeira dourada povoam todos os recantos deste templo que se começou a construir nos fins do século XIV. De planta gótica, estão , também, presentes na igreja o estilo manuelino, visível nas janelas da fachada sul, e o estilo do barroco, responsável pela exuberância ornamental.
Ao lado, o Palácio da Bolsa é um expoente notável do gosto pelo neoclassicismo. Das numerosas estâncias são de ressaltar o Salão Dourado, a Corte do Antigo Tribunal do Comércio e o Salão Árabe, lugar este último que resume, á perfeição, os ares orientais que impregnaram a arquitetura portuguesa do século XIX.
Mais ao norte, temos a Praça da Liberdade, local bem movimentado da cidade, presidida pela estátua equestre do rei Pedro IV ( D. Pedro I, no Brasil ). Numa das laterais está a Estação de São Bento, com o vestíbulo principal decorado com azulejos brancos e azuis a ilustrar momentos distintos da história do Porto.
No outro lado da praça, advertem-se a silhueta senhorial da Torre da Igreja dos Clérigos, provavelmente o monumento mais representativo da cidade. Com 75 metros de altura, foi construído, entre os anos 1748 e 1763, segundo os cânones do barroco.Uma escada empinada, de 225 degraus, leva ao ponto mais alto, desde onde se pode contemplar uma bela vista panorâmica da cidade. é uma obra do arquiteto italiano Nasoni, responsável, também, de muitos outros monumentos erguidos na cidade do Porto. A fachada da igreja é uma boa amostra da arte rococó.
Outra das torres conhecidas da cidade é a do Relógio, que se ergue no meio da extensa fachada da Câmara Municipal.O edifício, que data de 1920, comunica com a Praça da Liberdade através da Avenida dos Aliados.
A igreja do Carmo, vizinha do templo das Carmelitas, do século XVII, e, também, da Universidade, contribui a dar a razão àqueles que pensam, não sem motivo, que o Porto é a capital portuguesa do barroco.Efetivamente a sua construção, no século XVIII, se realizou segundo as pautas deste estilo, já fielmente reproduzido na fachada dos três corpos. Consta duma nave e sobressaem as pinturas da cúpula que cobre o altar mor. Num dos laterais do edifício se situa a airosa fonte dos leões alados, a acentuar ainda mais, si é possível, a beleza do conjunto.
Longe do centro da cidade, e construídas sobre uma pequena colina, a Igreja se Santo Ildefonso, do século XVIII, evidência, uma vez mais, a presença do barroco na cidade e o gosto pelos azulejos como elemento decorativo nas fachadas e nas paredes. O pórtico da entrada; ladeado por duas torres robustas, está coroado com um frontão triangular. Os azulejos fabricados em 1920, representam diversas passagens da vida do santo e alegorias da Eucaristia.
Mas, além dos monumentos, a imagem do Porto está, também, associada às pontes, estruturas gigantescas de engenharia civil que, além de servir de via de comunicação entre as duas margens, reúnem elementos suficientes para serem, também, glosados pela sua plasticidade.
A mais afastada do mar é a Ponte D. Maria Pia, pela qual circulam, sem descanso, os comboios portugueses. Foi desenhada por Gustavo Eiffel e acabada de construir em 1877. De estrutura metálica consta de um arco só que coloca a linha da estrada de ferro a 60 metros sobre o nível do Douro.
Sem dúvida, a mais popular de todas é a Ponte de D. Luís I que une o centro da cidade com a vizinha povoação de Vila Nova de Gaia. Data de 1886 e o responsável da sua construção foi Teófilo Seyring, um discípulo de Eiffel que seguiu ao pé da letra o ensino do mestre. Também metálica, e de um só arco, o viaduto consta de dois tabuleiros, destinados ao trânsito de veículos. O nível superior tem um comprimento de 392 metros e o segundo, o mais chegado ao rio, é de 174 metros.
Em 1963, foi levantada a ponte da Arrábida, obra do engenheiro português Edgar Cardoso, quem se manteve fiel à tradição do desenho com um arco só, se bem, neste caso, o material empregado foi o betão armado. Uma quarta ponte, a de São João, só para o transporte ferroviário, data de 1961, e a quinta ponte foi inaugurada em 1996, a ponte do Freixo, para circulação rodoviária.
Referente a Museus, o mais interessante é o Nacional Soares dos Reis, que abriga peças deste escultor português e de outros artistas do país. Está situado no belo Palácio dos Carrancas, lugar onde se alojou o célebre general inglês Wellington, poucos anos antes de derrotar definitivamente Napoleão, na batalha de Waterloo.
Outros dos pontos de atração do Porto é o seu, mundialmente famoso, vinho. Já os Romanos puderam comprovar a sua qualidade quando da conquista da região do Douro, no ano 48 a.C. Apesar da elaboração ser feita a uns quantos quilômetros longe da cidade, estão aqui as adegas. Antigamente , as pipas de vinho eram transportadas, através do rio nos populares rabelos, uns barcos de quilha plana, equipados com duas fileiras de remo e uma vela central. Hoje em dia, meios de transporte mais sofisticados foram substituindo estas embarcações que, mesmo assim, navegam, ainda, e com grande solenidade pelas águas do Douro.
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